sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cana-de-açúcar vai servir de matéria-prima para garrafas pet

A cana começa a ser utilizada para um novo fim no Brasil. Além do açúcar e do etanol, ela agora também vai servir de matéria-prima para a confecção de garrafas de refrigerante. A notícia não é boa só para os produtores, mas para todos que se preocupam com a saúde do planeta.O projeto é de um grupo que trabalha no ramo de bebidas e alimentos no sul do país. A Vonpar começou a fabricar em Porto Alegre as primeiras garrafas plásticas da América Latina com 30% de insumos vindos da cana-de-açúcar, e não do petróleo.
"A de 600 mls é o primeiro passo que está se dando, testando, inclusive, sentindo como é que funciona e crescendo a infra-estrutura industrial para se poder suportar este desenvolvimento. É um ponto de transformação na indústria de bebidas como um todo" disse o gerente da Cadeia de Suprimentos, John Sevante.
A empresa estima que a nova garrafa comece a ser vendida ainda no primeiro semestre deste ano.As antigas pets, feitas totalmente de petróleo, se tornam um problema ambiental quando não são encaminhadas para reciclagem. Jogadas ao livre, podem demorar séculos para se decompor. O material começou a ser usado em 1993 para embalagens de refrigerantes. No ano seguinte, a produção foi de 80 mil toneladas. Em 2008, chegou a quase 0,5 milhão de toneladas.
A expectativa é de que até 2014 elas percam espaço para garrafas feitas totalmente com o novo material.
Os fabricantes já calculam os ganhos para o meio ambiente. O processo de confecção das embalagens vai reduzir em 25% a emissão de gás carbônico, um dos principais causadores do efeito estufa. E até o final do ano, o uso da nova matéria-prima vai representar uma economia de cinco mil barris de petróleo.
A cana-de-açúcar percorre um longo caminho até virar uma garrafa. Na indústria brasileira, ela é transformada em etanol anidro e embarca para a Índia. Lá, é produzida a resina Meg, o monoetileno glicol, que segue de navio para a indonésia. A Meg é misturada com PTA e vira o pet, que retorna para a América do Sul. No Uruguai, o pet é processado e segue viagem para Porto Alegre. Na capital gaúcha, ele finalmente ganha a forma de uma garrafa de refrigerante.A direção da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), comentou a novidade durante visita a uma usina no interior de São Paulo.
"A gente começou com 500 anos de açúcar neste país. Nos últimos 35 anos, tivemos a experiência do etanol carborante misturado na gasolina em 25%, usado 100% em carro flex. Temos a biotrecidade e a gente sabe que a partir desta planta aqui, vai haver no próximo ano uma nova experiência de produção de diesel a partir da cana. Há ainda o bioplástico e o hidrocarboneto. A experiência do Biopet da coca cola e de outras empresas com certeza é uma fronteira que se abre na nossa indústria",isse o presidente da Única, Marcus Jank.
A Braskem, maior petroquímica latino-americana, começa no ano que vem a produzir o chamado plástico verde no Rio Grande do Sul. Ele também é feito a partir da cana-de-açúcar e 100% baseado em matéria-prima renovável.

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