domingo, 9 de agosto de 2009

Polímero biodegradável poderá ser usado em novas embalagens


No ano de 2004 a pesquisadora da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos), da Universidade Estadual de Campinas, Pricila Veiga, apresentou na sua tese doutorado seus estudos sobre a produção de um biofilme por moldagem ou “casting” a partir da fécula de mandioca. Neste trabalho a pesquisadora destacou que esse tipo de material possui algumas desvantagens, tais como poucas propriedades mecânicas e alta permeabilidade ao vapor d’água. Com o objetivo de tentar reduzir essas desvantagens, a pesquisadora analisou os efeitos dos parâmetros de processamento e aditivos nas suas propriedades físico-químicas e estruturais. Como aditivos gerais foram destacados a sacarose, o propileno glicol, o fosfato de sódio e o óleo de soja, e como aditivos principais foram selecionados a goma xantana e a gelatina.
Há cerca de um ano os estudos relativos à produção do biofilme foram retomados pela engenheira química Cynthia Ditchfield, do Laboratório de Engenharia de Alimentos, do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP. O projeto aprimorou o produto criado pela pesquisadora da Unicamp. O produto criado é um polímero feito de amido de mandioca e açúcares e que se caracteriza por ser biodegradável, com propriedades antimicrobianas e que pode mudar de cor de acordo com o estado de conservação do produto. Esse estudo fez parte do seu projeto de pós-doutorado.
O polímero poderá ser utilizado na fabricação de embalagens, as quais segundo o projeto da pesquisadora, seriam ao mesmo tempo biodegradáveis e ativas, constituindo uma vantagem em relação às embalagens comuns, que possuem apenas uma das duas características. A solução encontrada pela pesquisadora para conseguir as duas características foi a de acrescentar ao filme base, ingredientes naturais com ação antimicrobiana, podendo dessa forma aumentar a vida de prateleira dos produtos.
Os ingredientes com ação antimicrobiana utilizados pela pesquisadora foram o mel, o extrato de própolis, o cravo e canela em pó, o óleo essencial de laranja e o café. Além da ação antimicrobiana, a adição desses ingredientes ao filme base pode alterar algumas de suas características, tais como a flexibilidade, a resistência e a sua capacidade de proteção do produto contra a umidade. Segundo a pesquisadora Cyntia, esses aspectos ainda têm que ser aperfeiçoados, sendo que dos ingredientes usados, os que mais se destacaram foram o cravo e a canela.A indicação da acidez do alimento é outra característica ativa da nova embalagem, pois segundo a pesquisadora, a deterioração dos alimentos acarreta na alteração do seu pH, tornado-o ácido. Com essa alteração, o plástico em contato com o alimento muda de cor, indicando em que estágio de deterioração o alimento se encontra.

Vantagens e desafios

Entre os desafios citados pela professora Carmem Tadini, supervisora da equipe da qual a pesquisadora Cynthia faz parte, destacam-se na primeira etapa a otimização do processo de fabricação da embalagem em laboratório para melhorar seu desempenho para este fim. O outro desafio será desenvolver o processo de elaboração dos biofilmes em escala industrial. Em contrapartida, a produção do biofilme apresenta vantagens econômicas e ambientais.
Os principais ingredientes que compõem o biofilme, a mandioca e a sacarose, e os compostos antimicrobianos, são produzidos em abundância no Brasil. No aspecto ambiental, a produção de uma embalagem biodegradável e comestível pode reduzir a quantidade de lixo gerado no país, além disso pode diminuir o uso de conservantes sintéticos adicionados nos alimentos, tornado-os mais seguros a saúde.

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